Nesse feriadão, eu, marido e minha sogra, fomos almoçar num lugar de natureza maravilhosa.
A estrada, ladeada de verde, árvores, flores e vacas tem uma atmosfera interessante que acalma os sentidos.
Situado na encosta da serra Geral, próximo à reserva biológica do Aguaí, em meio à mata atlântica, chegamos ao nosso destino, o Ghellere Restaurante e Pousada ,( Estrada geral, São Pedro, Siderópolis - SC -Acesso por Nova Veneza (asfalto). Lá encontrei um conhecido e, diante do meu comentário de como era bom passear e almoçar pela região de Siderópolis e Nova Veneza, ele falou que sente uma energia inexplicável e muito especial naquela região.
Depois do almoço, fomos até a Barragem do Rio São Bento e lá outra pessoa falou algo semelhante sobre o lugar. Voltei de lá pensando: Essa sensação que sentimos é o " Genius loci: o espírito do lugar ".
Gosto de passeios e viagens, onde possa sentir o lugar e, por intuição, antes de conhecer o nome dado a isso, já conhecia a sensação disso.
Vou mostrar algumas fotos que tirei do passeio e, lá embaixo, há um texto lindo sobre o significado do Genius loci.
Segundo a wikipedia, a expressão Genius loci diz respeito ao conjunto de características sócio-culturais, arquitetônicas, de linguagem, de hábitos, que caracterizam um lugar, um ambiente, uma cidade.
Indica o "caráter" do lugar.
Através da fotografia, dá pra ver a beleza na simplicidade de um lugar mas, para captar a energia, só estando lá.
Passando por Nova Veneza
Barragem do Rio São Bento. O nível da água estava baixo, pela falta de chuva.
Voltando pra casa
Chegando à Criciúma
O texto abaixo, é de Elisa Corrêa, jornalista e colaboradora da revista Vida Simples e é bonito como ela explica o "Genius loci " incentivando a deixar que a essência do território entre em você.
O texto está na íntegra; Boa leitura:
Genius loci - O espírito do lugar
Pode ser que se perceba ao dobrar a esquina e avistar ao longe uma cortina escapando da janela, ou então ao ouvir o tocar de um sino que preenche a rua vazia. Pode ser que se perceba ao caminhar por uma calçada estreita feita de pedras irregulares, ao escutar a mistura de conversas entre as barracas de uma feira, ao ser hipnotizado pelos perfumes que saem da porta entreaberta de uma cozinha alheia.
Momentos em que se reconhece a presença forte da memória coletiva, a soma dos anos que passaram e das histórias que ficaram, o acúmulo de saberes e experiências. Algo que não tem forma nem pode ser capturado por uma fotografia: a alma, o talento, a vocação de cada território. O genius loci, essa expressão latina que quer dizer "o espírito do lugar".
O conceito de território está na base da filosofia do Slow Food: a valorização das culturas locais é uma resposta à homologação causada pelo "modelo fast food". E se os alimentos são vistos como um produto do território, como o resultado da tradição, da cultura e da identidade local, está na hora de prestar mais atenção no genius loci. Não só no espírito do lugar onde moramos ou visitamos, mas também no "espírito" daquilo que comemos.
E, para isso, é preciso olhar além do prato, além do copo. A qualidade de um queijo ou de um vinho não depende apenas do leite ou da uva. Depende do solo, do clima e também das pessoas, da manualidade, da personalidade do lugar. Coisas que determinam que o vinho que está dentro da taça seja "aquele" vinho ou que o queijo de certo lugar não seja igual a nenhum outro. Eles têm proveniência, eles carregam consigo a essência do território.
Os produtos que têm genius loci como ingrediente são fundamentais na luta contra a comida padronizada. Enquanto as indústrias "despejam" alimentos homogêneos e baratos, as mãos de pequenos produtores oferecem produtos únicos, diferentes, artesanais, que não podem ser repetidos nem multiplicados ao infinito porque feitos de gestos precisos, de saberes antigos e tradições locais, de truques secretos passados ao pé do ouvido.
Produtos que podem até ser feitos em outro lugar, mas jamais terão a mesma aura, a alma que só o território pode dar. Comer barreado num restaurante de Brasília pode ser bom, mas não é a mesma coisa que comer em Morretes, no Paraná. Dá para comprar uma tapioca em Porto Alegre, mas não dá para comparar com a tapioca alagoana comprada na beira da praia da Pajuçara, em Maceió. Porque a água não é a mesma, nem a umidade é igual. Porque os dias não têm o mesmo ritmo, as partículas do ar não estão impregnadas das mesmas histórias, porque não se respira a mesma cultura popular.
Escolher "produtos da terra" é um jeito de experimentar a energia do território e de recuperar os saberes tradicionais e as culturas locais. Dar preferência a esses produtos é um modo de defender a permanência do genius loci em um mundo feito, cada vez mais, de não-lugares que não criam "nem identidade singular, nem relação, mas solidão e semelhança", como disse o antropólogo francês Marc Augè. Não-lugares como os restaurantes fast food, os hipermercados, as lojas de departamentos.
Descobrir os sabores do território também ajuda a redescobrir os sentidos, que andam atrofiados pela pobreza das nossas experiências olfativas e gustativas. Não reconhecemos mais os aromas da cozinha regional nem os gostos do passado, a textura dos alimentos, o verdadeiro sabor das frutas e legumes, a sutileza dos temperos.
É por isso que vou usar esta coluna, Genius loci, para trazer textos que se ocupem não só de produtos e receitas locais, mas também daquilo que está "além do prato". Histórias de pessoas e cidades, de antigos artesãos e pequenos produtores, jeitos de fazer e de comer. Convido você a fazer o mesmo: ir atrás do espírito do lugar, não importa se nas viagens que faz ou na cidade onde mora. Andar a passos mais lentos, visitar as feiras de rua e o mercado central, prestar atenção nos perfumes que escapam das janelas. Conversar com quem está sentado na calçada ou atrás de um balcão, perguntar de onde veio a receita do prato típico e fazer compras no velho armazém da esquina. Deixar que a essência do território entre em você. E permaneça.
Elisa Corrêa é jornalista e colaboradora da revista Vida Simples. Mestre em Comunicação pela Universidade de Florença, estuda a aplicação da "filosofia slow" ao jornalismo. correa.elisa@gmail.com
Daqui
Melhor do que saber o significado do Genius loci, é "o sentir ", porque é ele que nutre nossa alma, quando conhecemos belos lugares. O que você acha sobre isso?
Lindas ficaram as fotos, retratando muito bem a beleza das paisagens ao nosso redor na ida ao restaurante Ghellere. Com certeza, o lugar faz juz ao que foi acima relatado. Pessoas com sensibilidade aguçada, sentem essa energia que o lugar transmite. Eu, particularmente, sinto uma sensação de tranquilidade, quando passo por Caravágio e Nova Veneza e em seguida no restaurante, que com sua ornamentação de plantas e flores nos enchem oa olhos.
ResponderExcluirMuito boa tua abordagem. Parabéns!
A senhora ficando melhor para caminhadas mais longas, vamos lá conhecer cachoeiras e Casas de Pedras, construções do período colonial e que fazem parte do Patrimônio Histórico do Estado.
ExcluirMargarete, eu não sei porque caminhos tortos eu vim parar no seu blog, mas olha essa sua postagem tem tudo a ver com muita coisa da minha vida neste momento!
ResponderExcluirPois é cuido de 2 blogs, mas o do sítio é só porque eu sou enxirida mesmo! rsrs Eu não moro lá (mesmo que eu sinta que cheguei em casa quando estou la), meus sogros é que moram. O blog veio para divulgar os produtos (banana-passa & cia) e o local com atrativo turistico. E isso tudo porque? por causa do tal do Genius loci! Eu num tinha ouvido falar, mas que já experimentei muito!rsrs Vou ter que reproduzir este texto em um dos blogs, não é cópia não, é que falou tudo!
Grande beijo!
Dani
Dani, como é bom quando descobrimos que "certas " sensações " não são só nossas né? Pode levar sim!Assim, mais pessoas se identificarão por aí! Irei visitar sempre seu blog para captar a beleza da simplicidade do sítio e o " genius loci" de lá. Grande beijo!
ExcluirMargarete, cheguei aqui através da Dani.
ResponderExcluirenfim consigo definir o que me invade ao conhecer lugares como estes da imagem. a sensação de estarmos no paraíso (existe?) ou algo assim.
bjs
Como é bom que eu tenha chegado a Dani e a você, Lia com esse post. Acho que se sentir no paraíso é aquela "sensação" de estar conectado com o lugar, seja ele onde for e é bom descobrir que há uma tribo pelo mundo que têm sensibilidade pra isso, né? Beijos e volte sempre.
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