A MARCA DE CADA FILHO

" Aqui não há sábios nem ignorantes absolutos. Existem pessoas que, em comunhão, procuram aprender juntas" ( Paulo Freire )

Com o filho mais novo em casa ( de férias da universidade), a  casa ficou impregnada com a personalidade tranquila e cantante dele. Levanta cantando, vai pro banheiro cantando, e vive "exercitando" a memória, tocando violão\cantando a música  Eduardo e Mônica, do Legião Urbana, com duração de 5 minutos.

( se quiser ouvir, é só dar um click acima).

Fiquei refletindo em como, cada um dos meus filhos marca e deixa saudades de suas presenças...

Com três filhos nascidos com pouca diferença de idade e trabalhando fora, minha maior concentração de energia na educação deles, foi de manter minha percepção sobre eles o mais aguçada possível para que os três se desenvolvessem de forma que a identidade emocional, intelectual ou física de cada um fosse preservada. Eu entendia e entendo que cada um possui DNA distinto e por isso, possuem  características individuais. Com idades tão próximas, as diferenças eram e são ainda mais perceptíveis; portanto, procurei e procuro valorizar o que cada um tem de melhor e falar, com franqueza e amor, o que penso que cada um pode se melhorar para caminhar melhor pela vida, em todos os aspectos.

Quando cada um foi saindo de casa, deixou saudade pela sua marca registrada... aquela que faz com que cada um deles seja único, ainda que os valores gerais sejam iguais.

Bruno, o filho mais velho,  tem uma energia de individualidade e ação, que quando está em casa, não há monotonia. Tanto pode ter tiradas engraçadas quanto, no momento seguinte, dar uma amostra de seu pavio curto.  Gosta  de reunir pessoas e descobriu que saber cozinhar é um meio eficaz de fazer isso. 
Ainda muito pequeno, fazia piruetas para os irmãos rirem e se auto intitulou " servidor " por ter iniciativa e um " radar " para perceber coisas a serem organizadas e arrumadas com rapidez e presteza.
Era e continua sendo um " professor pardal ", sempre encontrando soluções eficientes para problemas que aparece. Isso era  tão fácil e normal pra ele que, com a maior franqueza, olhava ao redor e dizia: " Ué, não tá vendo como é simples?" Simples pra ele...rs.
É de uma preocupação com todos e de uma generosidade infinita.
Com esse DNA dele, tão pessoal e marcante é que deixa saudades.

Allan, o filho do meio, tem uma energia de carinho e simplicidade de compreensão e quando está em casa, há sempre  atenção dada aos animais da casa  e muito diálogo.
Quando pequeno, imaginou um personagem, deu nome  e pedia para o pai desenhar. O pai desenhava e perguntava: " É assim? "  e ele: " Não...é quase assim ", e pai desenhava  até chegar àquele do imaginário infantil dele.
É altamente sensível, generoso, sensato e diplomático e tem uma auto percepção elevada. Conhece bem seus pontos fortes e fracos e sabe do que ele não pode abrir mão pra se sentir bem.
Fala o que pensa com espontaneidade, clareza e simplicidade, ainda que o assunto seja complexo. 
Tem uma facilidade admirável pra comunicação e expressão com platéia e grande interação com pessoas.
Não dispensa a prática de esporte e cumpre tudo a que se propõe com muita determinação e organização.
 Com esse DNA dele, tão pessoal e marcante é que deixa saudades.

André, o filho mais novo, tem uma energia pragmática e tranquila e quando está em casa, não tem muita mudança de humor e costuma cantarolar pela casa. 
Não aceita ordem nem insistência se não entender o por que.
Quando criança, como era o terceiro filho menino, numa vez em que eu dava banho nele, simplesmente falou: " Mãe, tu queria que eu tivesse nascido menina? e eu, pra ter tempo de pensar na resposta, perguntei: " Por quê? " e ele: " Porque tu já tinha dois meninos..." Eu respondi, com toda sinceridade: " Quando fiquei grávida, pensava em ter uma menina, mas quando tu nasceu, me apaixonei logo de cara por ti e nunca mais pensei  nisso..."
Cresceu maduro pra idade e aprendeu a ler sozinho aos cinco anos, observando os irmãos mais velhos.  Aprende tudo que se interessa com grande facilidade, vive cantando e só faz o que considera razoável e lógico.
Com esse DNA dele, tão pessoal e marcante é que deixa saudades.


Constatando nossas diferenças, eu, marido e os três vamos evoluindo  unidos, nos admirando, nos ajudando  e nos respeitando, ainda que percebendo que não podemos ser iguais em tudo.